Com um ar expressionista, filmado todo em preto e branco com alto contraste, Pi, de Darren Aronofsky, é um filme de clima tenso, que expõe um matemático a beira da insanidade, em sua busca pelo padrão numérico definitivo, aquele que determina o comportamento genérico da natureza. Estudando os padões na bolsa de valores, Max chega a um mesmo número que um matemático judeu que estuda os padrões numéricos no Torá. Como o matemático grego Pitágoras, Max acredita que todas as coisas são números. Isso é ressaltado ao longo do filme, com a repetição do seguinte monólogo de Max:
"Eu reassumo minhas posições:
1- A matemática é a língua da natureza.
2- Tudo o que existe pode ser representado e entendido por números.
3- Se você criar gráficos dos números de qualquer sistema, padrões surgirão
4- Existem padrões em todos os lugares da natureza".
Mas de forma análoga ao personagem Fausto, de Goethe, Max torna-se obcecado e paranóico em sua incessante busca pela Verdade. Como Fausto, que realiza o clássico pacto com o Diabo afim de obter o segredo da existência, Max faz um acordo com a máfia suja que procura faturar alto por trás da bolsa de valores. A princípio ele nega o dinheiro que lhe foi oferecido, afirmando que suas pesquisas não são motivadas pelo dinheiro, mas sim pela curiosidade científica. Mas o processador valvulado de Max queima ao calcular pela primeira vez a sequência de 216 números que definiria o comportamento do número Pi, o que faz com que o matemático acabe por aceitar um acordo com os investidores, onde ele teria que fornecer seus resultados e em troca receberia um poderoso microprocessador de Silício.
O estilo do diretor Darren Aronofsky, ao usar a repetição frenética de cenas e diálogos, enquadramentos ousados, situações perturbadoras e os efeitos de substâncias químicas no organismo seria adotado mais tarde também no filme Requiem para um Sonho, do mesmo diretor.
A situação vivida por Max nos traz à mente filmes como "El maquinista", de Brad Anderson , e a fotografia traz a lembrança do clássico expressionista "Metropolis" de Fritz Lang, assim como "Eraserhead" de David Lynch.
O número Pi
Pi é o valor da razão entre o comprimento da circunferência e o seu diâmetro. Também é uma das mais antigas constantes matemáticas conhecidas (fala-se do Pi em relatos feitos pelos antigos gregos, há mais de dois mil anos). Um círculo é, provavelmente, a forma geométrica mais perfeita e simples conhecida pelo ser humano. Como o Pi não é uma fração, não existe uma forma de descobrir seu valor exato. Na escola, aprendemos apenas que Pi é igual a 3,14 – e já basta para os cálculos das aulas de matemática e física. Já em cálculos científicos, usam-se mais dois números após a vírgula: 3,1416.
Praticamente desde que o Pi existe, matemáticos e pesquisadores de todo o mundo têm dedicado muito tempo a calcular e descobrir mais e mais dígitos possíveis após a vírgula, transformando o valor de Pi em um número gigantesco. Sendo um número infinito, muitos matemáticos se dedicam também a pesquisar os incalculáveis dígitos do Pi em busca de um padrão, um número perfeito que seria a resposta para tudo o que existe no Universo.
Referências
http://www.bocadoinferno.com/romepeige/artigos/pi.html
http://oldweb.cecm.sfu.ca/projects/ISC/dataB/isc/C/pi10000.txt
gostaria de saber onde posso assistir / adquirir o filme…moro em campinas / SP…grato,
Paulo
muito obrigado…o site é fantástiso…Parabéns !!!!
Excelente analise, eu realmente não tinha notado a releitura de Goethe.